Milagres violam as leis da natureza? (Análise)

by - agosto 29, 2013


Milagres violam as leis da natureza?

Em um debate ocorrido nos Estados Unidos com a presença dos dois maiores e proeminentes filósofos cristãos William Lane Craig e Alvin Plantinga foi feita uma analise à premissa de Richard Dawkins que “não podemos dizer que há um projetista, pois precisaríamos saber quem projetou o projetista”. Ao invés de colocar uma refutação, escolhi selecionar um trecho de um debate entre Alvin Plantinga, Doug Thrower John Kennedy e William Lane Craig sobre se os milagres violam ou não as leis da natureza.

Volta e meia encontramos um neo-ateu em debates dizendo que “milagres são impossíveis” e que “são proibidos cientificamente, porque violam as leis da natureza”. Acho até que Richard Dawkins dedica um capítulo inteiro de seu livro só para falar isso, mas vamos deixar claro: essa ideia não tem sentido. Para dizemos que as leis científicas foram violadas, então a alegação seria que elas são, na verdade, PRESCRITIVAS. Pois se ela são apenas observacionais e descritivas, isto é, observamos o que normalmente acontece e fazemos uma descrição daquilo. Então é claro que podem haver variações nos seus resultados.

E se ainda aceitarmos que os argumentos lógicos para a existência de Deus (tendo entre suas características ser onipotente) são melhores do que os para inexistência, então a definição mista dada por Plantinga e Craig de que as leis são apenas a maneira idealizada pela qual Deus deixa o Universo operar quando ele não tem motivações específicas para variá-las, funciona muito bem. A ideia de “prescrição” e “violação” pressupõe uma noção de uma ordem existente que submete aos agentes a agir daquela maneira. Por exemplo: Digamos que um laboratório tenha definido como norma que todos os experimentos só poderão ocorrer em CNTP.

Certo dia, um dos funcionários do laboratório enlouquece e resolve fazer em condições variadas os experimentos, não respeitando as normas vindas de cima. Nesse caso, houve uma violação do que estava definido por instâncias superiores.M as digamos que não seja o funcionário, mas o dono e diretor geral do laboratório, que é quem decide as regras, que baixe um nova circular dizendo que, durante um mês, os próximos experimentos serão todos feitos em variáveis diferentes de CNTP. Isso constitui “violação das normas do laboratório”? Não, pois é ele quem determina quais são as regras. Se ele tem o poder sobre elas, e não o contrário, não há como se falar em violação. Se as leis científicas fossem absolutas, sempre DEFININDO o que vai acontecer e, uma vez estabelecida uma lei, ela nunca pudesse ser falseada, a ideia seria certa. Aí se poderia dizer que milagres são proibidos cientificamente, mas sabemos que a ciência não funciona assim. E se Deus existir, então, por definição, ele é superior à natureza. Por fim, para poder dizer que “milagres são impossíveis e violam as leis da natureza”, o debatedor vai ter que provar dois pontos:



1- Deus não existe.

2- As leis da natureza são PRESCRITIVAS, não descritivas.


Conclusão e considerações finais:

Sobre o primeiro ponto a ser provado, não tenho nada a declarar(precisa?). Com relação ao segundo ponto, também é improvável como vimos no exemplo do laboratório. Enquanto o ateísta não provar essas duas alegações que sustentam a impossibilidade, pode chorar o quanto quiser, porque os milagres continuarão sendo possíveis.

Referências:

https://projetoquebrandooencantodoneoateismo.wordpress.com/

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12 comentários

  1. Boa noite amigo, um ateu havia me passado um argumento, aonde ele prova que Deus transgride as leis da natureza. Sua premissa se baseia no seguinte, com leis da natureza ele se refere as características imutáveis da natureza e não a leis obtidas mediante metodologia científica. As leis da natureza seriam, de certa forma, a natureza da existência. (porque natureza da natureza seria redundante). Seria esse seu argumento consistente?

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  2. Se o amor é uma coisa contingente e é uma característica de Deus temos que:

    Por não existir o amor em um mundo possível, o maior ser concebível não existe em um mundo possível, logo, a existência do maior ser concebível é também contingente e não necessária.

    -

    Quando falo em sobrepor as leis da natureza me refiro a agir sem alterar a lei da natureza. E é logicamente impossível que isso aconteça porque em quaisquer mundos possíveis nós estamos imersos nas leis da natureza (pois estamos imersos na natureza, e supor um mundo possível sem natureza seria negar o próprio mundo possível, logo, a existência da natureza é algo LOGICAMENTE NECESSÁRIO). Logo, temos:

    1) É logicamente impossível que alguém imerso na natureza se sobreponha as leis da natureza em quaisquer mundos possíveis

    2) O mundo real é um mundo possível

    3) É logicamente impossível que alguém se sobreponha as leis da natureza nesse mundo.

    Se Deus não tivesse feito Jesus se sobrepor as leis da natureza mas tivesse alterado as leis da natureza, nós temos que as leis da natureza no mundo inteiro teriam que ser alteradas, mas não há nenhuma evidência de que em determinado dia a 2000 anos atrás todos podiam andar na água, e a própria bíblia nos diz que apenas Jesus andou na água e um dos seus apóstolos não conseguiu. Sendo assim, temos que as leis da natureza não foram alteradas de forma alguma.

    Deus poderia se sobrepor as leis da natureza se ele as criou, assim como o mesmo se sobrepõe a natureza, mas jamais um ser humano o poderia, como Jesus era a forma humana de deus, temos que Jesus (mesmo sendo deus ou por interferência desse) não poderia de maneira logicamente possível se sobrepor as leis da natureza como humano imerso nessas próprias leis.

    Mas ora, se nem as leis da natureza foram alteradas e nem Jesus se sobrepôs a tais leis, temos que ou Deus agiu de forma logicamente impossível ou o mesmo não agiu de forma alguma.

    Se deus agiu de forma logicamente impossível então está enterrada a ideia de que ele não pode agir de forma logicamente impossível.

    Se deus não agiu de forma logicamente impossível então ele não fez milagre algum.

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  3. "Boa noite amigo, um ateu havia me passado um argumento, aonde ele prova que Deus transgride as leis da natureza. Sua premissa se baseia no seguinte, com leis da natureza ele se refere as características imutáveis da natureza e não a leis obtidas mediante metodologia científica. As leis da natureza seriam, de certa forma, a natureza da existência. (porque natureza da natureza seria redundante). Seria esse seu argumento consistente?"

    Boa noite. A natureza não é imutável, a equação de equivalência entre massa e energia prova isso. As leis da natureza nada mais são do que scripts do Universo. Elas tem a função de explicar como as coisas funcionam. Se há um legislador universal, portanto, ele tem o direito de "revogar" tais leis. Isso, no fim, não seria uma violação às leis da natureza, mas sim uma revogação. Esse argumento não faz nenhum sentido.

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    1. Até a hipótese dos múltiplos universos refuta essa objeção, afinal, segundo divulgadores de ciência, estes especulam que haja leis físicas diferentes nestes universos.

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  4. O amor não é contingente, de onde tiraram isso? Não é preciso nem responder a essa questão. Dizemos que Deus é amor para tornar inteligível uma determinada personificação do bem máximo.

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  5. A existência da natureza não é necessária, isso é um erro grotesco. Se há outra alternativa logicamente possível, logo, a existência da natureza tal como conhecemos não é necessária. Existem duas possibilidades: um mundo metafísico e a não-existência. As duas são logicamente concebíveis, portanto, a objeção falha. O Deus do Cristianismo é trino: Jesus realiza milagres porque é, ao mesmo tempo, Deus, que por sua vez estava fora do tempo, mas, quando cria o universo, entra no tempo para interagir com a criação. As leis da natureza não se alteram, não se violam, pois elas não são cartas magnas da natureza, são apenas scripts. Não há violações, pois é ele quem determina quais são as regras. Se ele tem o poder sobre elas, e não o contrário, não há como se falar em violação. Se as leis científicas fossem absolutas, sempre DEFININDO o que vai acontecer e, uma vez estabelecida uma lei, ela nunca pudesse ser falseada, a ideia seria certa. Aí se poderia dizer que milagres são proibidos cientificamente, mas sabemos que a ciência não funciona assim. E se Deus existir, então, por definição, ele é superior à natureza. O argumento falha.

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    1. Ele respondeu o seguinte...

      “Com natureza me referi a "característica natural, constituição, qualidade"http://www.etymonline.com/index.php?term=nature
      Dizer que a natureza não é necessária é no mínimo ignorância, pois se um mundo possível existe, o simples fato dele existir já corresponde a uma característica natural desse mundo. Concordo que a existência da natureza qual conhecemos não é necessária, de fato, em outros mundos possíveis a natureza deve ser de outras maneiras possíveis, mas em todos os mundos possíveis deve haver uma natureza fundida ao próprio mundo, um mundo metafísico tem natureza metafísica, um mundo físico tem natureza física e a não-existência não é mundo algum. Nenhuma das tuas duas hipóteses de "mundo" são validas pra derrubar a necessidade de uma natureza enquanto um é logicamente inconcebível sem a natureza o outro sequer é mundo, é ausência de. Logo, as minhas premissas permanecem. Supor um mundo possível sem natureza seria negar o próprio mundo possível, logo, a existência da natureza é algo LOGICAMENTE NECESSÁRIO.

      Os teus outros argumentos não se seguem pois foram todos previamente rebatidos. Só há duas formas de Jesus ter realizado os milagres, ou ele se sobrepôs as leis da natureza (agiu além delas) ou as alterou (para que pudesse agir conforme elas). A primeira ideia é simplesmente ridícula porque é logicamente impossível que alguém imerso na natureza de um mundo possível se sobreponha a natureza desse mundo possível. Se Jesus fez isso, ele fez o logicamente impossível, se pode fazer o logicamente impossível então o paradoxo da pedra se aplica, se o paradoxo da pedra se aplica então ele não é onipotente. A segunda ideia carece não apenas de fontes científicas mas também de fontes bíblicas (na verdade é inconsistente com a bíblia, visto que a fé é o que faria o apóstolo ser capaz de andar e não as leis da natureza, no caso a fé seria uma forma de se sobrepor as leis da natureza), então a segunda hipótese é cientificamente inevidenciável, implausível, improvável, ilógica e biblicamente inconsistente, o que nos permite descartá-la sem mais delongas. Logo, ou Jesus agiu de maneira logicamente impossível ou não fez milagre algum.”

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  6. Homonímia Sutil, já pode descartar o seu argumento. Primeiramente, deve-se definir o conceito utilizado de natureza. Natureza, à priori, pode significar tudo aquilo que teve início durante a expansão do universo; a origem de algo ou a qualidade de um ente. Porém, quando você diz que um mundo metafísico possui natureza metafísica, me parece que se refere a sua QUALIDADE. Deste modo, a partir de uma qualidade específica não podemos inferir que há uma necessidade como um todo. Uma necessidade é algo que existe em TODOS os mundos possíveis. Concordo que a natureza enquanto QUALIDADE é logicamente necessária, porém, expressa de forma DISTINTA. O que você não percebe é que o fato de cada ente possuir uma natureza (qualidade), os tornam diferentes. Quando dizemos que um mundo físico é necessariamente físico, estamos, na verdade, elucidando sua QUALIDADE, assim como quando dizemos que um mundo metafísico é necessariamente metafísico. Isso é simplesmente óbvio. Por outro lado, quando colocamos uma qualidade específica como logicamente necessária, ferimos a Lei de Identidade Lógica. Um mundo físico, a título de exemplo, NÃO PODE existir em todos os mundos possíveis. Ressaltando mais uma vez: um ente logicamente necessário deve existir em TODOS os mundos possíveis. Desta forma, fica claro que a natureza enquanto uma qualidade específica de um mundo possível, NÃO PODE EXISTIR em TODOS os mundos possíveis. Você ressalta o meu ponto em "Concordo que a existência da natureza qual conhecemos não é necessária". Para as leis da natureza serem a natureza da existência, elas teriam que ser válidas para todas as possibilidades de "vir a ser", o que é um absurdo. Ao misturar os conceitos de natureza, você acabou se auto-refutando. Esse é um argumento totalmente falho e falacioso.

    Quando você diz que as leis da natureza foram sobrepostas, você deixa implícito que elas são prescritivas, isto é, elas PRESCREVEM e governam o mundo. Não é assim que funciona. As leis da natureza são DESCRITIVAS, isto é, elas apenas DESCREVEM como o mundo funciona. Falar em sobreposição ou violação é absurdo nesse caso. O termo correto é VARIAÇÃO. As leis da natureza são apenas a maneira idealizada pela qual Deus deixa o Universo operar quando ele não tem motivações específicas para variá-las. Se há um Deus, pela lógica, é ele quem determina quais são as regras. Se ele tem o poder sobre elas, e não o contrário, não há como se falar em violação. Se as leis científicas fossem absolutas, sempre DEFININDO o que vai acontecer e, uma vez estabelecida uma lei, ela nunca pudesse ser falseada, a ideia seria certa. Aí se poderia dizer que milagres são proibidos cientificamente, mas sabemos que a ciência não funciona assim. E se Deus existir, então, por definição, ele é superior à natureza.
    É lamentável que, hoje em dia, algumas pessoas se utilizem de argumentos como o "paradoxo da pedra". Isso demonstra um conhecimento filosófico praticamente nulo. Como pudemos concluir, o que falta para você é entendimento. Não são as leis da natureza que governam o mundo, elas apenas DESCREVEM como o mesmo funciona. Qualquer um com noções de física sabe disso. Em segundo plano, "Deus pode quebrar uma pedra inquebrável"? Tal pedra não existe, é um recurso ilógico inventado. É como um círculo quadrado ou um solteiro casado. Pedir para Deus quebrar uma pedra inquebrável é como pedir para ele conceder a liberdade e não conceder ao mesmo tempo. Onipotência significa fazer tudo aquilo que é LOGICAMENTE POSSÍVEL, até a bíblia sabe disso. Por fim, Jesus, na condição de Deus, pode perfeitamente realizar milagres, pois um ser que emerge no mundo natural a fim de interagir com sua criação, não é por ele delimitado, caso contrário, não seria Deus. Afinal de contas, não seria possível Deus criar o universo e ser delimitado pelo mesmo, pois Deus é, por definição, o maior ser logicamente concebível. Em tempo: As leis da natureza são a maneira idealizada pela qual Deus deixa o Universo operar quando ele não tem motivações específicas para variá-las.

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  7. Alguns neo ateus dizem que isto contradiz a sintonia fina

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  8. https://catolicoresp.wordpress.com/2012/01/15/analise-de-texto-refutacao-de-alguns-argumentos-a-favor-da-existencia-de-deus-introducao/

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  9. https://m.youtube.com/watch?v=qSnWmyaymRY

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  10. O milagre não viola as leis da natureza, o que acontece e que muitas pessoas doentes se tentam de varias maneiras a procura da cura, lembram de Deus nos momentos de angústia, mais só uma pequena porcetagem consegue o milagre, e esquecem a maioria que não conseguiram. A fé anima o doente , alivia a angustia e é fato que algumas pessoas consegue a cura, mais nem todos, porque depende de cada organismo. Outra coisa que acontece é a força da motivação, do crê, um transe coletivo na igreja, em que todos em emoção, motiva a se livrarem de vicios, e até dores que as pessoas sentem, mais que o pastor a motivam tanto, que em seu piscologico, já não a sentem. Deus age nas pessoas atraves dos meios naturais, uma porcentagem cura-se,e atribui a ele , outra não consegue e é esquecida, mais tudo provem do Senhor , uns para louvar a sua gloria,outros como exemplos para nos lembramos de somos mortais. A sorte esta com ele, se o a pessoa reage, é porque foi presdestinado por Deus.

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