E por causa de uma palavrinha mágica, perde-se o emprego, perde-se a moradia, perde-se a vida social, perde-se a dignidade, perde-se imensamente mais que qualquer indivíduo, cuja moral fora "destruída" por um insulto capital, poderia perder. Em pleno século XXI, no apogeu da era do politicamente correto, os vigilantes da moral e guardiões da tolerância vitimaram na fogueira ideológica mais uma bruxa, que por sua vez, teve a audácia de invocar a palavra proibida, sentença essa capaz de destruir, de forma irrecuperável, um indivíduo. Seu poder é tão grande que torna o alvo incapaz até mesmo de aceitar o perdão. Nada nesse mundo evoluído pode causar tanto espanto, tanta comoção e tanta aversão quanto essa sentença mística, mesmo dotada de tão poucas sílabas. Devido à gravidade da situação, nada mais justo que combater bruxaria com fogo. Caçoem de minha aparência física, ridicularizem minha forma corporal, humilhem-me devido a minha condição social, a minha crença religiosa, a minha opção sexual a minha posição política, reduzam-me a um jegue, cujo intelecto é infinitamente inferior ao do ser humano (embora, às vezes me pareça que não) mas nunca, NUNCA, ouse me reduzir a um... macaco.