Jim Jones e o massacre de Jonestown: Os perigos da utopia socialista-cristã

by - dezembro 29, 2013

Jim Jones e o massacre do Templo dos Povos.

Que o socialismo/comunismo, quando aplicado em sua essência, destrói tudo o que toca não é novidade, mas em 18 de setembro de 1978, na Guiana, este "experimento utópico" custou mais de 900 vidas. O Templo dos Povos foi uma organização fundada em 1955 por Jim Jones que, na metade dos anos 1970, possuía mais de doze unidades, incluindo sua sede em San Francisco, Califórnia, EUA. Ficou mais conhecida por causar a morte de 918 pessoas em 18 de novembro de 1978 na Guiana, no Projeto Agrícola do Templo dos Povos, informalmente chamado de Jonestown. A tragédia em Jonestown resultou na maior perda de vidas de civis americanos em desastres não naturais até os ataques de 11 de setembro.


Jamews Warren Jones (Jim Jones) nasceu no interior do estado de Indiana, filho de um veterano da Primeira Guerra Mundial. A infância de Jim se passou no período da Grande Depressão causada pela crise econômica de 1929, o que obrigou os Jones a se estabelecerem perto de Lynn, em 1934. Após a separação dos pais, a mãe de Jim mudou-se com os filhos para Richmond, também em Indiana, onde ele concluiu seus estudos em 1948. No ano seguinte, Jim casou-se com Marceline Baldwin, uma enfermeira, e em 1951 finalmente mudou-se para Indianápolis, onde viveu uma década.

Desde a infância, Jim Jones mostrou inclinações místicas e na juventude foi um leitor dedicado de obras políticas e sociais. Também demonstrou simpatia pelo Marxismo e pelas reivindicações dos afro-americanos contra a segregação e a discriminação racial. Nessa época, Jones desenvolveu suas ideias sobre a ação política e também começou a buscar uma expressão destas dentro da religião. Em 1952, tornou-se estudante em um seminário metodista, do qual foi expulso por defender a integração racial, e trabalhou algum tempo junto aos batistas do Sétimo Dia. Em 1954, Jones criou a sua própria igreja em uma área da cidade racialmente integrada. O culto recebeu vários nomes até adquirir a denominação definitiva de Templo dos Povos), em 1959.

Embora Jim e sua esposa Marceline incentivarem a adoção de crianças de raças diferentes pelos membros de sua igreja no que ficou conhecido como família “arco-íris", o tiro acabou saindo pela culatra. Jim Jones acabou sendo atacado por racistas brancos, que fizeram sucessivas ameaças à sua vida e aos integrantes do Templo. Existem fortes indícios de que o próprio Jones tenha manipulado algumas dessas reações em favor de sua pregação político-religiosa.

Com seu trabalho estabelecido em Indianápolis, Jim Jones começou a buscar novas áreas para a expansão de sua seita. Em 1959, Jim Jones viajou a Cuba após a derrubada do regime de Batista, mas sua tentativa de trazer afro-cubanos para Indiana resultou em fracasso. Em 1961, após prever um ataque nuclear iminente, Jim Jones transferiu-se com sua família para o Brasil, mais precisamente em Belo Horizonte em uma casa localizada na Rua Marabá nº203, no bairro Santo Antônio, com a ideia de estabelecer um novo local para o Templo. Sem sucesso, transferiu-se em 1963 para o Rio de Janeiro, onde estudou a situação social das favelas cariocas e a mentalidade religiosa local, mas as a necessidade de resolver conflitos internos na igreja em Indiana forçou Jones a retornar aos Estados Unidos (1965), passando no caminho de retorno pela então colônia britânica da Guiana.

Em 1974, dá-se o início do “Projeto Agrícola” do Templo dos Povos, formando a comunidade informalmente denominada de Jonestown. Os primeiros 50 residentes, transferidos da igreja em San Francisco, chegaram em 1977. No ano seguinte, já eram mais de 900 (dos quais 68% eram afro-americanos). Ao mesmo tempo em que o fisco público fechava o cerco contra a isenção de impostos usufruída pelo Templo, Jones se referia de forma hostil ao governo dos Estados Unidos como o Anticristo, em rápida marcha em direção ao fascismo, e ao capitalismo como o regime econômico do Anticristo.

Além disso, pesaram contra Jones acusações de sequestro de crianças de ex-integrantes que tinham abandonado o Templo. O próprio Jones foi acusado de manter sob sua custódia John Victor Stoen, filho biológico de Timothy Stoen, que deixara o Templo em 1977. Outras denúncias incluíam: ameaças físicas e morais e mentais diretamente aos membros da seita, separados de qualquer contato com suas famílias; tortura psicológica, com privação de sono e de alimentos; exigência de entrega de propriedades e 25% da renda de cada membro da seita; interferências de Jones na escolha do casamento e na vida sexual dos casais; isolamento das crianças em relação aos seus pais; campanha constante junto à mídia para dar uma impressão favorável e boa a Jones e ao Templo. Observem que as características das ações de Jones traduzem o socialismo na prática.

O Trágico suicídio coletivo

Assim que chegou a notícia da morte de Ryan, após membros desertarem à noite, Jones pôs em prática o suicídio em massa de toda a comunidade de Jonestown, para o qual já havia feito treinamento anteriormente (embora tenha dito que o veneno não era real) em reuniões chamadas de “noites brancas”. Os membros da comunidade foram induzidos a beber um composto líquido (na forma de suco de sabor uva), contendo cianeto de potássio e substâncias sedativas. Os que eram pequenos demais receberam na boca ou através de seringas. A cifra final de mortos chegou a 918, incluindo mais de 270 crianças e quatro que se suicidaram no escritório da seita em Georgetown. Nem todos os integrantes da comunidade morreram na tragédia. No mínimo cinco membros conseguiram fugir ao cerco da guarda e fugir para a floresta durante o ritual de suicídio coletivo que durou, segundo essas testemunhas, cerca de 5 minutos. O corpo de Jones foi encontrado  com um tiro único na cabeça em um pavilhão.

A interferência do Marxismo


Aqui entram em evidência as ideias marxistas de Jones no intuito de pôr em prática a utopia do socialismo cristão. o líder da seita era um político militante de causa social-marxista. Jones alegava que tivera um sonho apocalíptico e, portanto, interviria na atual situação do mundo implementando o socialismo cristão. Através de uma análise minuciosa dos atos de Jones e os acontecimentos que o levaram a praticar tal atrocidade, é possível perceber uma ligação entre o massacre e o socialismo, em outras palavras é evidente a ligação de Jim Jones com essa ideologia política. A conduta pastoral de Jim Jones, já cego pelas suas ideias socialistas, fica em evidência na Guiana. Em uma reportagem, nessa localidade, ele é filmado em uma fazenda, liderando as pessoas, sentado imponentemente em uma cadeira. Neste contexto, pode-se perceber as semelhanças entre personagem e ideologia socialista. Não pode ter sido algo irrelevante, pois a causa política de Jim Jones não era algo secundário, pois a esta altura, estava até acima da religiosa (cristianismo).

Jim, dadas as circunstâncias, já esquecera totalmente dos ideológicos cristãos, inclusive, no decorrer de suas pregações místicas, Jones afastava-se cada vez mais do cristianismo tradicional, tornando aberto o seu “Socialismo apostólico” (conforme o texto de Atos dos Apóstolos 4:34-35, que Jones relacionou ao lema “de cada um conforme o seu trabalho, a cada um conforme a sua necessidade”, constante na Crítica ao Programa de Gotha, de Karl Marx).


No final dos anos 60, Jones já descrevia o cristianismo com uma religião fabulosa, e recusava a validade dos seus dogmas. A Bíblia era rejeitada como um manual escrito por brancos para justificar a sujeição das mulheres e a escravidão negra. O Paraíso não podia ser mais encontrado no além-túmulo e sim na existência terrena, através da luta pela igualdade.

Vários membros da seita, inclusive a própria viúva de Jones, escreveram testamentos deixando seu patrimônio ao Partido Comunista da União Soviética. Jones enviou instruções para que o ativo de 7,3 milhões de dólares fosse levado à URSS através da embaixada soviética na Guiana. No Congresso, a oposição republicana conseguiu endurecer as relações dos Estados Unidos contra a Guiana, acusando o presidente Burnham de corresponsabilidade na tragédia. No entanto, ele permaneceu no poder até sua morte, em 1985. Antes da tragédia, o Templo já tentara negociar o êxodo da comunidade para a URSS ou outro país do bloco soviético, mas a iniciativa foi recusada por estes países. No início da década de 80, o local onde existia Jonestown foi reocupado por refugiados laocianos.

Conclusão e considerações finais

Jim Jones, à beira de sua psicopatia, manifestada no mais alto grau, tirou a vida de mais de novecentas pessoas, e isto se deve ao fato da tentativa de implementação do socialismo cristão. Não foi diferente em outros episódios lamentáveis de massacres que ocorreram em nome deste sistema político no mundo, por que seria nesse caso? As coisas só pioraram com a manipulação à fé das pessoas através do poder da religião. O que Jim, de fato, fez foi tentar camuflar o socialismo, o que, definitivamente, funcionou, pois no epílogo dos acontecimentos, o estado geral era de lavagem cerebral. Após a colheita da morte realizada pelo reverendo Jones, só restou o silêncio das almas que ali viviam. Jim Jones é o maior exemplo que aliar o Cristianismo às ideias socialistas é como misturar água e óleo. E, com isso, não quero dizer somente que estes não se misturam, mas ainda sim, que um polui o outro.

Fonte: Jonestown: Mystery of a Massacre" (1998), Jones, Jim. "The Letter Killeth." Original material reprint. Department of Religious Studies. San Diego State University, Accusation of Human Rights Violations by Rev. James Warren Jones."Alternative Considerations of Jonestown and Peoples Temple. Jonestown Project: San Diego State University. April 11, 1978; Wikipedia.

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7 comentários

  1. Andrei, eu já conhecia a história do Massacre de Jonestown, mas o seu texto trouxe uma informação que eu não sabia. Jim Jones já morou no Brasil. Fiquei até paralisado na parte em que o texto afirma este evento. Eu já assisti muitas vezes o filme que conta a história desse genocídio. Posso te informar que na minha adolescendia, ou seja, na minha imaturidade, eu via o socialismo como um modo de solucionar o problemas do nosso país tão desigual. Mas Graças a Deus eu cresci e pude realmente entender que o socialismo é algo muito perigoso. Jim Jones, ao meu ver, era um lunático que internamente desejava poder, dominação, força, e acredito que nunca houve um encontro real com a fé cristã. Meus parabéns, pelo texto. Passei um tempo sem visitar, mas sabia que quando voltaria encontraria algo interessante. Continue assim. Forte abraço!

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    1. Todos nós, um dia, caímos na utopia do socialismo... Na teoria, aparentemente, é lindo, mas na prática... Enfim, como sempre um leitor assíduo! É uma honra tê-lo em meu blog! Obrigado pelos elogios e que Deus te abençoe sempre! Abraços!

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  2. comunismo=fascismo=nazismo=racismo
    comunismo é coisa do satanas

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