Evolucionismo, Darwinismo e Naturalismo em perspectiva: Diálogos com o teísmo [Parte 3]
by
Andrei
- setembro 26, 2014
Análise complementar acerca do Evolucionismo biológico e Evolucionismo Metafísico
Observação: Devido a inúmeras dúvidas acerca de conceitos básicos interpretativos sobre a evolução biológica e a evolução metafísica, resolvi fazer esta postagem afim de sanar quaisquer dúvidas conceituais ou posteriores objeções.
Conceituando o Evolucionismo Metafísico (Análise de Objeções)
O Evolucionismo metafísico (por vezes chamado de evolucionismo teísta), posição esta adotada por cada vez mais indivíduos na ciência, como o Dr Francis Collins, nada mais é do que a evolução biológica tal como a conhecemos, porém, com o adendo de um Criador. Esta concepção difere do Darwinismo em alguns poucos aspectos, como a presença da evolução metafísica propriamente dita no que concerne à autoconsciência e ao senso de percepção de valores morais, não permitindo, deste modo, visões deterministas ou materialistas, características essas do Darwinismo. Muito antes de Darwin, as bases filosóficas do evolucionismo já estavam lançadas, mais precisamente no século IV por Agostinho de Hipona, sendo, portanto, cronologicamente anterior ao Darwinismo, que por sua vez, demonstrou e detalhou como o
processo ocorria cientificamente, bem como complementou
posteriormente a teoria do evolucionismo metafísico. Esta concepção é pautada pela seguinte estrutura argumentativa:
1- Deus criou o espaço e o tempo juntos a partir do nada; o
tempo é uma ordem criada e a atemporalidade é um dos atributos
essenciais divinos.
2- Há dois momentos na criação: um momento que é o
início da matéria primitiva e o outro do desenvolvimento do potencial
contido naquilo que foi criado – o que observamos hoje é diferente do
que observaríamos no momento da criação.
3- O Criador permitiu que a ordem natural tivesse a capacidade de criar a vida.
4- O processo de desenvolvimento é orientado por leis fundamentais que levam a produção dos tipos e qualidades dos seres.
5- Os vários tipos de vida foram lentamente produzidos durante o tempo, de acordo com a vontade do Criador.
3- O Criador permitiu que a ordem natural tivesse a capacidade de criar a vida.
4- O processo de desenvolvimento é orientado por leis fundamentais que levam a produção dos tipos e qualidades dos seres.
5- Os vários tipos de vida foram lentamente produzidos durante o tempo, de acordo com a vontade do Criador.
Primeiramente, é válido lembrar que a teoria da evolução NÃO É teoria de origem da vida. Tenhamos em mente que a teoria da evolução biológica só se refere às mudanças e adaptações através do processo de seleção natural, este é o seu limite. Antes disso, Elaine Morgan foi a
responsável por teorizar a ideia de que humanos, apesar de descenderem
de primatas arbóreos, foram, na verdade, produtos de uma fase aquática
da evolução, e ainda ousou ao especular um suposto resultado de
miscigenação. Percebam que esta é outra teoria, proposta por outra
pessoa, visando COMPLEMENTAR a evolução humana. Antes disso, temos OUTRAS
teorias como a abiogênese (teoria de origem da vida). Trata-se basicamente de um processo de sucessão de teorias. É sabido que Alguns cristãos possuem certa rixa com relação à teoria da evolução ou até mesmo um certo medo ao adotar a referida posição, porém, devemos ter em mente que o mesmo, em certa medida, nem sequer pressupõe o naturalismo ontológico. Geralmente, quem assim o faz, deveria se autointitular um naturalista de fato, e não um evolucionista. A evolução biológica é apenas um meio, que pode ou não ter sido conduzido por um criador, dependendo da posição filosófica adotada por cada indivíduo. Ainda assim, vale ressaltar que até mesmo a abiogênese não é contrária à ideia de Deus, pois a discussão acerca da existência ou não de um criador é estritamente filosófica, enquanto as teorias científicas de "origem da vida" se limitam ao escopo do método científico, que por sua vez, é o instrumento do qual ciência se utiliza. Em tempo: por mais que uma teoria científica se estenda aos primórdios da vida, a mesma deverá parar, obrigatoriamente, na matéria, devido aos limites do naturalismo metodológico. A abiogênese em nada diz com relação ao surgimento da matéria/energia, mas sim a partir delas. Essa é uma discussão ontológica, que, portanto, deve ser realizada à luz da filosofia.
Quando nos tornamos verdadeiramente humanos?
Antes de respondermos à questão, devemos ter em mente que questionar a linha divisória entre hominídeos pré-humanos e os seres humanos não nos serve de muita coisa. Nenhum antropólogo até hoje chegou a qualquer tipo de consenso sobre a árvore da ancestralidade humana, quem dirá descobrir o ponto em que se tornaram humanos. Neandertais eram verdadeiramente humanos? Não se sabe. No entanto, não é preciso saber exatamente quando os humanos surgiram no processo evolutivo a fim de manter a existência dos seres humanos (seres dotados de uma mente; percepção de si mesmo no espaço e no tempo e providos da capacidade de realizar juízos de valor). Embora o questionamento não seja de muita utilidade, é inegável o seu fascínio. Dito isso, pretenderei aqui respondê-lo por meio de uma teoria epistemo-antropológica. Ao observarmos a primeira premissa acerca do evolucionismo metafísico, podemos concluir que Deus criou o espaço, o tempo, ou seja, uma criação em essência. No entanto, o cerne da teoria da evolução metafísica encontra-se na segunda premissa, onde o Criador permite o processo evolutivo da criação. A premissa número dois refere-se às formas mais elementares de vida (matéria primitiva), evoluindo (adaptando-se) gradativamente e de forma ramificada ao decorrer do tempo. O ponto mais importante nos remete ao período de cisão homo-humanidae, que não são a mesma coisa, diga-se de passagem. Em outras palavras, esta cisão refere-se especificamente à pergunta: "Quando nos tornamos humanos?" Isto é, pelo menos em princípio, basicamente uma questão de relações e ritmos evolucionários.
Quando nos tornamos verdadeiramente humanos?
Antes de respondermos à questão, devemos ter em mente que questionar a linha divisória entre hominídeos pré-humanos e os seres humanos não nos serve de muita coisa. Nenhum antropólogo até hoje chegou a qualquer tipo de consenso sobre a árvore da ancestralidade humana, quem dirá descobrir o ponto em que se tornaram humanos. Neandertais eram verdadeiramente humanos? Não se sabe. No entanto, não é preciso saber exatamente quando os humanos surgiram no processo evolutivo a fim de manter a existência dos seres humanos (seres dotados de uma mente; percepção de si mesmo no espaço e no tempo e providos da capacidade de realizar juízos de valor). Embora o questionamento não seja de muita utilidade, é inegável o seu fascínio. Dito isso, pretenderei aqui respondê-lo por meio de uma teoria epistemo-antropológica. Ao observarmos a primeira premissa acerca do evolucionismo metafísico, podemos concluir que Deus criou o espaço, o tempo, ou seja, uma criação em essência. No entanto, o cerne da teoria da evolução metafísica encontra-se na segunda premissa, onde o Criador permite o processo evolutivo da criação. A premissa número dois refere-se às formas mais elementares de vida (matéria primitiva), evoluindo (adaptando-se) gradativamente e de forma ramificada ao decorrer do tempo. O ponto mais importante nos remete ao período de cisão homo-humanidae, que não são a mesma coisa, diga-se de passagem. Em outras palavras, esta cisão refere-se especificamente à pergunta: "Quando nos tornamos humanos?" Isto é, pelo menos em princípio, basicamente uma questão de relações e ritmos evolucionários.
Para datarmos essas relações evolucionárias e
descobrirmos as sequências das ramificações ocorridas ao longo da
evolução, nós fazemos uso da filogenia (estudo da relação evolutiva entre grupos de organismos). Ela nos ajuda a localizar de
forma precisa a época em que os humanos, como espécie (homo sapiens),
tiveram origem. E é justamente esse o cerne da
questão. Quando os humanos atingiram as características que os tornaram
tais como são (conforme abordamos no parágrafo anterior), evoluídos anatomicamente e dotados de autoconsciência e senso moral, tem-se o início, de fato, da história da humanidade. Em outras palavras, quando alcançamos os padrões distintivos de estruturas anatômicas e comportamentos que ainda
podem ser encontrados atualmente, nos tornamos humanos. Baseado em análises antropológicas e arqueológicas, este processo ocorreu aproximadamente a 100~150 mil anos
atrás. Antes disso, estavam na condição do que
realmente eram em essência: não-humanos. Em tempo: vale ressaltar que, do ponto de vista puramente biológico, nós não somos o propósito da evolução em um sentido
progressivo, mas apenas uma consequência da mesma, ao passo que todo o
processo ainda está em andamento, embora estabilizado.
A Lei Moral
A Lei Moral pode ser resumida em um conjunto de valores morais objetivos que, enquanto em si mesmos, nos compelem a cumprir determinadas regras morais. Eles são responsáveis por constituir todo o arcabouço moral. Basicamente, são valores fundamentados em um ente objetivo e transcendental que servem, dessa forma, como um parâmetro absoluto para pautarmos nossas ações. Tais valores são universais, absolutos e independem de qualquer convenção humana, tempo, emoção ou opinião pessoal. Sua ontologia é atribuída a um Legislador externo e moralmente perfeito, isto é, Deus. A referida lei é o pilar de sustentação e, ao mesmo tempo, um importante marcador de diferenciação entre o evolucionismo naturalista e a evolução metafísica. Como observamos anteriormente, a evolução biológica, trata da evolução da matéria como um todo, isto é, partindo de sua forma mais primitiva, passando pelas formas mais simples dos seres até as formas mais complexas de vida. Já a evolução metafísica trata estritamente da evolução psicológica e comportamental do ser, partindo do estado amoral ao senso moral, ou seja, a capacidade de reconhecer objetivamente o bem e o mal. À priori, devemos ter em mente que o bem e o mal só fazem sentido se, e somente se, existirem agentes morais. Durante o processo evolutivo, os agentes morais não existiam, logo, da mesma forma que não faria sentido falar em números se não soubéssemos reconhecê-los ou utilizá-los, não faria sentido falar em bem ou mal.
Nesse cenário, podemos enxergar a evolução na forma de um grande processo universal de adaptação onde os seres em estágio amoral vão se aperfeiçoando cognitivamente e ganhando forma, até o momento em que a Lei Moral (conjunto de valores e deveres morais objetivos que são fundamentados no Criador) torna-se passível de leitura, tornando possível, desta forma, o reconhecimento objetivo do bem e o mal e o acesso aos juízos de valor em sua plenitude. Parece-nos, portanto, razoável admitir que em algum momento da história evolutiva, mais precisamente com o surgimento do homo sapiens (que foi quando adquirimos o comportamento moderno que ainda pode ser visto hoje - a capacidade de agir à luz dos valores morais), o Criador atuou. Ele assim o fez no sentido de inserir em sua criação o instrumento necessário à leitura da Lei Moral, concluindo desta maneira a obra única da natureza humana. Basicamente, em um determinado momento no tempo, os nossos ancestrais tiveram acesso a um código estranho o qual não podiam sequer ler ou compreender.
A autoconsciência e a mente
Anteriormente, concluímos que a Lei Moral sempre existiu, porém, a capacidade de reconhecê-la e compreendê-la (assimilar as realidades objetivas do bem e o mal; realizar juízos de valor e pensar sobre a condição existencial de si mesmo enquanto ser) dependia de um fator. Bem, este fator nada mais é que a mente. A mente (instrumento necessário à leitura da Lei Moral) pode também ter-nos sido imputada pelo Criador durante o desenvolvimento do comportamento, ao passo que parece-nos oportuno, pois:
1- Comportamentos são frutos de ações.
2- Ações podem ser morais.
3- Ações morais requerem escolhas.
4- Escolhas requerem consciência.
5- Consciência requer autoconsciência.
6- Autoconsciência requer uma mente.
Logo, através de uma intervenção do Criador, no sentido de projetar em sua criação uma mente, que, por sua vez, proporcionou a capacidade de ser autoconsciente, temos como conclusão necessária a capacidade de vir a conhecer realidades objetivas como o bem e o mal e conceber juízos de valor, que são parâmetros que utilizamos para medir ações e comportamentos. Em tempo, para um melhor entendimento, vamos definir os conceitos que trabalharemos ao longo do texto:
Autoconsciência: característica lógica da consciência de ser, constitutivamente, consciência da consciência. Não há consciência sem autoconsciência. Sempre que um sujeito tem consciência de um objeto, logo, ele tem autoconsciência da sua consciência desse objeto. Logo, antes de termos tomado consciência de realidades objetivas como o bem e o mal, tomamos consciência de nós mesmos.
Mente: substância que possibilita a expressão da natureza humana, tais como a razão, os desejos e as vontades. Tenhamos em mente que, a título de exemplo, os movimentos de meus dedos, enquanto eu digito este texto, em última análise, foram produzidos através de meus eventos mentais. Eu escolhi aceitar estar aqui, e esta escolha levou-me a uma intenção de digitar essa resposta. Aqui nós temos uma relação físico-mental para o nexo de causalidade, o que nos indica que a mente se distingue do cérebro, ao passo que ambas mantém uma relação causal. Por vezes, a mente enquanto conceito é confundida com a alma, porém, a última nada mais é do que um conceito puramente teológico e simbólico. Alma, do latim anima, é simplesmente animação, ou seja, todos aqueles que carregam em si o sopro da vida.
Agora que definimos com sucesso os conceitos, devemos entender que o conjunto da autoconsciência e da mente compõem, por sua vez, a essência de cada indivíduo. Podemos nomear esse conjunto de espírito. Por fim, nós já sabíamos, desde o começo de nossas vidas, que nossas mentes podem ser e, de fato, são causalmente relacionadas com o que acontece com nossos corpos. Afinal de contas, nós não precisamos recorrer à neurociência para saber que uma boa pancada na cabeça poderia produzir uma mudança em nossas vidas psicológicas. Afinal, quem poderia deixar de estar ciente de que deixar cair um tijolo em um pé iria produzir dor?
A imaterialidade da mente
Acredito que é importante notar que alguns dos neurocientistas mais importantes do mundo têm acreditado que a mente é, de fato, imaterial. Esses neurocientistas têm sido bem conscientes de que estimular o cérebro pode produzir alguns resultados psicológicos intrigantes. Um dos pioneiros no campo da neurociência foi Wilder Penfield. Em seu fascinante livro O Mistério da Mente, ele escreve o seguinte:
"Quando eu causei um estímulo em paciente consciente no intuito de mover sua mão através da aplicação de um eletrodo para o córtex motor de um hemisfério, eu o perguntava sobre os movimentos causados. Invariavelmente, sua resposta era: "Eu não fiz isso, você fez." Quando eu lhe causei um estímulo de vocalização, ele disse: 'Eu não fiz esse som, você puxou-o para fora de mim." Enquanto eu fazia o registro do fluxo de consciência e apresentava a ele o registro de sua experiência passada, me admirou o fato de que ele estava tanto consciente do passado como do presente. Ele assumiu imediatamente que, de alguma forma, eu fui responsável pelo fenômeno, mas ele reconheceu os detalhes como os de sua própria experiência passada."
Penfield, então, passa a notar que "Não há lugar no córtex cerebral, onde a estimulação elétrica fará com que um paciente decida". Isto é consistente com o a afirmação de que as escolhas são eventos indeterminados com uma explicação teleológica. À luz do seu trabalho como neurocientista, Penfield conclui o seguinte: "Pela minha parte, depois de anos de se esforçando para explicar a mente com base no cérebro de ação sozinho, eu vim à conclusão de que é mais simples (e muito mais fácil e lógico) se adotarmos a hipótese de que o nosso ser se compõe de dois elementos fundamentais".
Por fim, tenhamos em mente que a neurociência não possui a capacidade de explicar nada sobre como ou por que a mente funciona, mas apenas o que acontece durante o funcionamento, haja vista que a mente se relaciona com o cérebro, mas não é parte integrante deste, ao passo que a mente é imaterial e, portanto, foge do escopo do método científico. Entretanto, será que a mente pode, mesmo assim, ser explicada em termos naturalistas? Absolutamente, não. Se nossas mentes fossem puramente materiais, seriam apenas um subproduto natural do acaso. Mas se as leis da natureza, no naturalismo, possuem caráter prescritivo, isto é, guiam o mundo natural, logo, como consequência lógica, tornam-se pré-determinantes. Isto é, todo o efeito (leis da natureza) está presente por completo na causa (universo), o que configura um determinismo de caráter inconsciente e mecanicista, ou seja, a determinação é colocada no passado, em uma sucessão de causas que tem sua explicação no início do universo. Logo, se nossas mentes são produtos da evolução biológica, que por sua vez, é subordinada às leis da natureza, não temos livre-arbítrio. Dessa forma, nós não teríamos igualmente o controle dos nossos próprios pensamentos, tornando-nos prisioneiros da determinação físico-biológica. Entretanto, se temos a liberdade de nos questionar sobre a origem do universo, segue-se que não há determinação alguma, e se não há determinação, segue-se que o naturalismo é falso.
Inserir um Criador na evolução é uma espécie de "Deus das lacunas"?
Entendemos por "Deus das Lacunas" toda a explicação que visa substituir uma causa que não compreendemos como sendo obra de Deus. No caso da evolução biológica, utiliza-se Deus (uma ente metafísico) para explicarmos a mente e a percepção de objetividades como o bem e o mal (entes também de caráter metafísico). Logo, ao passo que temos uma explicação de cunho filosófico para eventos estudados pela filosofia, não há Deus das lacunas. Devemos ter em mente que para cada plano de estudo há um método. A ciência, por se utilizar do naturalismo metodológico, engloba todo o mundo físico, ao passo que a filosofia, por se utilizar da lógica modal, indutiva, dedutiva e a metafísica, engloba tudo aquilo que o método científico não alcança, como valores estéticos e meta-éticos, verdades lógicas e matemáticas, verdades auto-evidentes, ontologias e contingências e assim por diante, ou seja, o que está além do físico. A mente, por não ser material, está sujeita ao escopo da filosofia, e portanto, requer uma explicação no mesmo plano metodológico. Logo, um Criador, além de ser a melhor explicação para o fenômeno em questão, é também a explicação mais apropriada para respondermos a questão acerca do reconhecimento do bem e do mal, assim como a mente e a autoconsciência, justamente por também ser um objeto de estudo da filosofia. Dito isso, podemos seguramente concluir que não há Deus das Lacunas no evolucionismo metafísico.
A evolução é cruel?
Logo, temos diante de nós outra questão pertinente: já enquanto agentes morais e, portanto, capazes de reconhecer o bem e o mal, por que a natureza nos parece tão cruel? Simplesmente porque possuímos a mania equivocada de antropomorfizar os outros animais. Eles não são agentes morais, logo, não roubam, não mentem e não assassinam, mesmo que, aos nossos olhos, pareça ser exatamente o que estão fazendo. A seleção natural postula um objetivo a todos os seres vivos: a sobrevivência. Todo e qualquer comportamento animal (exceto os seres humanos, que são agentes morais) deve se dar em função da maximização das chances de sobrevivência. Mata-se para sobreviver, rouba-se para sobreviver e assim por diante. Entretanto, sabemos que a dor física é algo cruel. Como lidar com isso? A resposta se encontra aqui em um artigo que escrevi recentemente.
Deus precisou de milhões de anos para desenvolver sua criação?
A Lei Moral
A Lei Moral pode ser resumida em um conjunto de valores morais objetivos que, enquanto em si mesmos, nos compelem a cumprir determinadas regras morais. Eles são responsáveis por constituir todo o arcabouço moral. Basicamente, são valores fundamentados em um ente objetivo e transcendental que servem, dessa forma, como um parâmetro absoluto para pautarmos nossas ações. Tais valores são universais, absolutos e independem de qualquer convenção humana, tempo, emoção ou opinião pessoal. Sua ontologia é atribuída a um Legislador externo e moralmente perfeito, isto é, Deus. A referida lei é o pilar de sustentação e, ao mesmo tempo, um importante marcador de diferenciação entre o evolucionismo naturalista e a evolução metafísica. Como observamos anteriormente, a evolução biológica, trata da evolução da matéria como um todo, isto é, partindo de sua forma mais primitiva, passando pelas formas mais simples dos seres até as formas mais complexas de vida. Já a evolução metafísica trata estritamente da evolução psicológica e comportamental do ser, partindo do estado amoral ao senso moral, ou seja, a capacidade de reconhecer objetivamente o bem e o mal. À priori, devemos ter em mente que o bem e o mal só fazem sentido se, e somente se, existirem agentes morais. Durante o processo evolutivo, os agentes morais não existiam, logo, da mesma forma que não faria sentido falar em números se não soubéssemos reconhecê-los ou utilizá-los, não faria sentido falar em bem ou mal.
Nesse cenário, podemos enxergar a evolução na forma de um grande processo universal de adaptação onde os seres em estágio amoral vão se aperfeiçoando cognitivamente e ganhando forma, até o momento em que a Lei Moral (conjunto de valores e deveres morais objetivos que são fundamentados no Criador) torna-se passível de leitura, tornando possível, desta forma, o reconhecimento objetivo do bem e o mal e o acesso aos juízos de valor em sua plenitude. Parece-nos, portanto, razoável admitir que em algum momento da história evolutiva, mais precisamente com o surgimento do homo sapiens (que foi quando adquirimos o comportamento moderno que ainda pode ser visto hoje - a capacidade de agir à luz dos valores morais), o Criador atuou. Ele assim o fez no sentido de inserir em sua criação o instrumento necessário à leitura da Lei Moral, concluindo desta maneira a obra única da natureza humana. Basicamente, em um determinado momento no tempo, os nossos ancestrais tiveram acesso a um código estranho o qual não podiam sequer ler ou compreender.
A autoconsciência e a mente
Anteriormente, concluímos que a Lei Moral sempre existiu, porém, a capacidade de reconhecê-la e compreendê-la (assimilar as realidades objetivas do bem e o mal; realizar juízos de valor e pensar sobre a condição existencial de si mesmo enquanto ser) dependia de um fator. Bem, este fator nada mais é que a mente. A mente (instrumento necessário à leitura da Lei Moral) pode também ter-nos sido imputada pelo Criador durante o desenvolvimento do comportamento, ao passo que parece-nos oportuno, pois:
1- Comportamentos são frutos de ações.
2- Ações podem ser morais.
3- Ações morais requerem escolhas.
4- Escolhas requerem consciência.
5- Consciência requer autoconsciência.
6- Autoconsciência requer uma mente.
Logo, através de uma intervenção do Criador, no sentido de projetar em sua criação uma mente, que, por sua vez, proporcionou a capacidade de ser autoconsciente, temos como conclusão necessária a capacidade de vir a conhecer realidades objetivas como o bem e o mal e conceber juízos de valor, que são parâmetros que utilizamos para medir ações e comportamentos. Em tempo, para um melhor entendimento, vamos definir os conceitos que trabalharemos ao longo do texto:
Autoconsciência: característica lógica da consciência de ser, constitutivamente, consciência da consciência. Não há consciência sem autoconsciência. Sempre que um sujeito tem consciência de um objeto, logo, ele tem autoconsciência da sua consciência desse objeto. Logo, antes de termos tomado consciência de realidades objetivas como o bem e o mal, tomamos consciência de nós mesmos.
Mente: substância que possibilita a expressão da natureza humana, tais como a razão, os desejos e as vontades. Tenhamos em mente que, a título de exemplo, os movimentos de meus dedos, enquanto eu digito este texto, em última análise, foram produzidos através de meus eventos mentais. Eu escolhi aceitar estar aqui, e esta escolha levou-me a uma intenção de digitar essa resposta. Aqui nós temos uma relação físico-mental para o nexo de causalidade, o que nos indica que a mente se distingue do cérebro, ao passo que ambas mantém uma relação causal. Por vezes, a mente enquanto conceito é confundida com a alma, porém, a última nada mais é do que um conceito puramente teológico e simbólico. Alma, do latim anima, é simplesmente animação, ou seja, todos aqueles que carregam em si o sopro da vida.
Agora que definimos com sucesso os conceitos, devemos entender que o conjunto da autoconsciência e da mente compõem, por sua vez, a essência de cada indivíduo. Podemos nomear esse conjunto de espírito. Por fim, nós já sabíamos, desde o começo de nossas vidas, que nossas mentes podem ser e, de fato, são causalmente relacionadas com o que acontece com nossos corpos. Afinal de contas, nós não precisamos recorrer à neurociência para saber que uma boa pancada na cabeça poderia produzir uma mudança em nossas vidas psicológicas. Afinal, quem poderia deixar de estar ciente de que deixar cair um tijolo em um pé iria produzir dor?
A imaterialidade da mente
Acredito que é importante notar que alguns dos neurocientistas mais importantes do mundo têm acreditado que a mente é, de fato, imaterial. Esses neurocientistas têm sido bem conscientes de que estimular o cérebro pode produzir alguns resultados psicológicos intrigantes. Um dos pioneiros no campo da neurociência foi Wilder Penfield. Em seu fascinante livro O Mistério da Mente, ele escreve o seguinte:
"Quando eu causei um estímulo em paciente consciente no intuito de mover sua mão através da aplicação de um eletrodo para o córtex motor de um hemisfério, eu o perguntava sobre os movimentos causados. Invariavelmente, sua resposta era: "Eu não fiz isso, você fez." Quando eu lhe causei um estímulo de vocalização, ele disse: 'Eu não fiz esse som, você puxou-o para fora de mim." Enquanto eu fazia o registro do fluxo de consciência e apresentava a ele o registro de sua experiência passada, me admirou o fato de que ele estava tanto consciente do passado como do presente. Ele assumiu imediatamente que, de alguma forma, eu fui responsável pelo fenômeno, mas ele reconheceu os detalhes como os de sua própria experiência passada."
Penfield, então, passa a notar que "Não há lugar no córtex cerebral, onde a estimulação elétrica fará com que um paciente decida". Isto é consistente com o a afirmação de que as escolhas são eventos indeterminados com uma explicação teleológica. À luz do seu trabalho como neurocientista, Penfield conclui o seguinte: "Pela minha parte, depois de anos de se esforçando para explicar a mente com base no cérebro de ação sozinho, eu vim à conclusão de que é mais simples (e muito mais fácil e lógico) se adotarmos a hipótese de que o nosso ser se compõe de dois elementos fundamentais".
Por fim, tenhamos em mente que a neurociência não possui a capacidade de explicar nada sobre como ou por que a mente funciona, mas apenas o que acontece durante o funcionamento, haja vista que a mente se relaciona com o cérebro, mas não é parte integrante deste, ao passo que a mente é imaterial e, portanto, foge do escopo do método científico. Entretanto, será que a mente pode, mesmo assim, ser explicada em termos naturalistas? Absolutamente, não. Se nossas mentes fossem puramente materiais, seriam apenas um subproduto natural do acaso. Mas se as leis da natureza, no naturalismo, possuem caráter prescritivo, isto é, guiam o mundo natural, logo, como consequência lógica, tornam-se pré-determinantes. Isto é, todo o efeito (leis da natureza) está presente por completo na causa (universo), o que configura um determinismo de caráter inconsciente e mecanicista, ou seja, a determinação é colocada no passado, em uma sucessão de causas que tem sua explicação no início do universo. Logo, se nossas mentes são produtos da evolução biológica, que por sua vez, é subordinada às leis da natureza, não temos livre-arbítrio. Dessa forma, nós não teríamos igualmente o controle dos nossos próprios pensamentos, tornando-nos prisioneiros da determinação físico-biológica. Entretanto, se temos a liberdade de nos questionar sobre a origem do universo, segue-se que não há determinação alguma, e se não há determinação, segue-se que o naturalismo é falso.
Inserir um Criador na evolução é uma espécie de "Deus das lacunas"?
Entendemos por "Deus das Lacunas" toda a explicação que visa substituir uma causa que não compreendemos como sendo obra de Deus. No caso da evolução biológica, utiliza-se Deus (uma ente metafísico) para explicarmos a mente e a percepção de objetividades como o bem e o mal (entes também de caráter metafísico). Logo, ao passo que temos uma explicação de cunho filosófico para eventos estudados pela filosofia, não há Deus das lacunas. Devemos ter em mente que para cada plano de estudo há um método. A ciência, por se utilizar do naturalismo metodológico, engloba todo o mundo físico, ao passo que a filosofia, por se utilizar da lógica modal, indutiva, dedutiva e a metafísica, engloba tudo aquilo que o método científico não alcança, como valores estéticos e meta-éticos, verdades lógicas e matemáticas, verdades auto-evidentes, ontologias e contingências e assim por diante, ou seja, o que está além do físico. A mente, por não ser material, está sujeita ao escopo da filosofia, e portanto, requer uma explicação no mesmo plano metodológico. Logo, um Criador, além de ser a melhor explicação para o fenômeno em questão, é também a explicação mais apropriada para respondermos a questão acerca do reconhecimento do bem e do mal, assim como a mente e a autoconsciência, justamente por também ser um objeto de estudo da filosofia. Dito isso, podemos seguramente concluir que não há Deus das Lacunas no evolucionismo metafísico.
A evolução é cruel?
Logo, temos diante de nós outra questão pertinente: já enquanto agentes morais e, portanto, capazes de reconhecer o bem e o mal, por que a natureza nos parece tão cruel? Simplesmente porque possuímos a mania equivocada de antropomorfizar os outros animais. Eles não são agentes morais, logo, não roubam, não mentem e não assassinam, mesmo que, aos nossos olhos, pareça ser exatamente o que estão fazendo. A seleção natural postula um objetivo a todos os seres vivos: a sobrevivência. Todo e qualquer comportamento animal (exceto os seres humanos, que são agentes morais) deve se dar em função da maximização das chances de sobrevivência. Mata-se para sobreviver, rouba-se para sobreviver e assim por diante. Entretanto, sabemos que a dor física é algo cruel. Como lidar com isso? A resposta se encontra aqui em um artigo que escrevi recentemente.
Deus precisou de milhões de anos para desenvolver sua criação?
Observando a premissa 3, podemos concluir que o Criador permitiu que a criação tivesse a capacidade de criar a vida. A reprodução é um mecanismo imprescindível para a evolução, pois, caso contrário, o jogo da vida teria que começar do zero a cada geração que morresse. Na premissa 4, o processo de desenvolvimento é orientado por leis fundamentais (seleção natural) que levam a produção dos tipos e qualidades dos seres. Além do mecanismo de reprodução, já citado acima, existem outros que são igualmente imprescindíveis: a hereditariedade, isto é, a prole deve se parecer com seus pais mais do
que parece com a população em geral, caso contrário, os traços
vantajosos de um genitor simplesmente se perderiam a cada nova geração,
inviabilizando assim, a mudança evolucionária. Por último, a variação interna à população. Mesmo que as duas primeiras condições sejam preenchidas, se todos os
indivíduos de uma população forem fenotípica e geneticamente idênticos, a
seleção natural não poderia operar, pois devido a igualdade dos
indivíduos, as gerações seriam idênticas entre si.
Na premissa 5, temos o processo evolutivo dirigido pelo Criador, ao invés da aleatoriedade, atentando à questão do tempo requerido para o processo evolutivo, o que nos leva a pensar algumas questões: Deus teria precisado de milhões de anos para desenvolver um homem? Certamente não! De fato, Deus não precisa de milhares de anos pra desenvolver um homem, mas o homem precisa de milhares de anos para se desenvolver, tal como
toda a matéria após a expansão do Universo e o início do espaço-tempo. Tudo o que está sujeito ao tempo é temporizado, e tudo o que é temporizado necessita de tempo. A terra também precisou de tempo para se tornar habitável. Deus, em sua infinita bondade, permitiu
que o ser humano se desenvolvesse em seu ritmo natural (premissas 4 e
5). Em uma visão romancista, gosto de pensar que Deus estava preparando o palco para a peça da vida, enquanto seus atores se preparavam para entrar em cena. Deve-se ressaltar, no entanto, que o tempo passa de forma diferente para Deus, afinal, ele não pode estar sujeito a sua própria criação: o tempo. Portanto, ele, de fato, não teve que esperar milhões de anos.
Onde fica a questão do pecado no cenário evolutivo?
A milhões de anos atrás, surgia um dos nossos ancestrais mais antigos, o Ardipithecus ramidus, com aproximadamente 4,4
milhões de anos, dando origem a outros gêneros, como o anamensis,
afarensis, africanus, aethiopicus, boisei, crassidens e robustus. A
partir deste, começa a distinção anatômica e o processo de transição
para o homo (rudolfensis, habilis, ergaster, erectus, heidelbergensis,
neanderthalensis e sapiens) sempre de forma ramificada e não linear.
Paralelamente, surgiam evidências físicas da construção e aprimoramento
de oldovanas referentes ao períodos geológicos em questão. O ponto
crucial aqui gira novamente em torno da pergunta: "quando nos tornamos humanos?" Certamente, quando nós atingimos os padrões distintivos de estruturas
anatômicas e comportamentos (autoconsciência e senso moral) que ainda
podem ser encontrados atualmente, o que ocorreu muito provavelmente
entre 100~150 mil anos atrás, com o gênero Homo. Romanos 5:12 nos diz
que ATRAVÉS DO HOMEM (já evoluído como espécie homo sapiens), o pecado entrou no mundo e assim a morte veio a
todos os HOMENS, porque “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). A
chave para esta questão é nos atentarmos ao fato de que os humanoides
(que não significa ser humano) anteriores a nossa espécie não poderiam pecar
porque não possuíam senso moral e, portanto, não poderiam ser julgados
ou sequer poderiam ser chamados de homens, afinal, os mesmos não eram, de fato, humanos.
A bíblia ensina que antes do pecado todos eram herbívoros, enquanto o
evolucionismo exige que eles sejam carnívoros?
Primeiramente, devemos ter em mente que a bíblia não é um livro de ciências e, portanto, não deve ser visto como tal. Esta pergunta demonstra desconhecimento com relação à evolução. O evolucionismo não
exige que os humanos sejam carnívoros, tanto é que a dieta dos nossos
ancestrais era majoritariamente constituída de fibras. A mudança ocorreu devido aos fatores
climáticos, que os forçavam a ingerir alimentos calóricos para sobreviver. Se
analisarmos a dentição das espécies homo que nos antecederam, veremos que
os incisos e os caninos eram muito diferentes do que são hoje. As
mudanças ocorreram por meio da seleção natural, devido ao clima e ao
ambiente em que se encontravam durante o processo de expansão e
migração. Conforme o ambiente foi mudando, a dieta também foi. Em dado
momento, os nossos ancestrais já eram obrigados a caçar para
sobreviverem, o que resultou no desenvolvimento da sua capacidade de
cognição (crescimento da caixa craniana e aumento de massa encefálica) e na mudança
de dentição, o que nos tornou, não carnívoros, mas híbridos. Vale
lembrar que muitos dos outros animais também possuíam dietas baseadas em
fibras. A maioria se alimentava de plantas, pois entravam em estado de
estivação (semelhante à hibernação), basicamente um estado de dormência.
Ainda assim, de acordo com os documentos da Pontifícia Comissão bíblica (30 de junho de 1909 e 16 de janeiro de 1948) e a Encíclica Humani Generis, de Pio XII, do ano de 1950, no que se refere à interpretação de Gênesis: É lícito a cada um seguir a sentença que prudentemente aprovar ali onde entenderam diversamente os Padres e Doutores da Igreja, salvo o juízo da Igreja e a analogia da fé. Não é necessário que todas e cada uma das palavras e frases devam ser tomadas sempre num sentido próprio, especialmente quando as locuções sejam metafóricas ou antropomórficas. Salvo o sentido literal e histórico, pode se empregar a interpretação alegórica e profética de algumas passagens, seguindo aos Santos Padres. Não se deve buscar na interpretação destas coisas sempre e exatamente o rigor da língua científica.
Ainda assim, de acordo com os documentos da Pontifícia Comissão bíblica (30 de junho de 1909 e 16 de janeiro de 1948) e a Encíclica Humani Generis, de Pio XII, do ano de 1950, no que se refere à interpretação de Gênesis: É lícito a cada um seguir a sentença que prudentemente aprovar ali onde entenderam diversamente os Padres e Doutores da Igreja, salvo o juízo da Igreja e a analogia da fé. Não é necessário que todas e cada uma das palavras e frases devam ser tomadas sempre num sentido próprio, especialmente quando as locuções sejam metafóricas ou antropomórficas. Salvo o sentido literal e histórico, pode se empregar a interpretação alegórica e profética de algumas passagens, seguindo aos Santos Padres. Não se deve buscar na interpretação destas coisas sempre e exatamente o rigor da língua científica.
Evolução Biológica (Análise de objeções)
Micro Evolução X Macro Evolução
Neste embate polêmico, tem-se muita confusão com relações às noções acerca do que é, de fato, a evolução. Microevolução é a ocorrência de mudanças evolutivas em pequena escala, como as mudanças de freqüências gênicas dentro de uma população, ao longo de um número reduzido de gerações. Ou seja, corresponde às alterações que ocorrem numa escala de curtos espaços de tempo, sendo que estas alterações acontecem ao nível ou abaixo do nível taxonômico da espécie. Já a Macroevolução é o estudo da evolução analisada a partir da escala de conjuntos de genes independentes. Estudos macroevolutivos tem como foco as mudanças que ocorrem no nível de espécie ou acima, em contraste com a microevolução. Dentro da escola de pensamento da síntese evolutiva moderna, a macroevolução é considerada o resultado de um conjunto de eventos de microevolução. Assim, a distinção entre micro e macroevolução seria apenas de grau, e a única diferença entre elas seria a escala e o tempo considerados. Tanto a micro evolução quanto a macro evolução podem e são constantemente testadas através de seu mecanismo: a seleção natural.
A evolução pode ser verificável empiricamente?
É possível observar a reprodução dos organismos, os mecanismos de
hereditariedade já foram compreendidos, a ocorrência de variação pode
ser bem estabelecida, entre diversas outras evidências empíricas. Encarar a teoria da seleção natural
dessa maneira mostra que, longe de não ser verificável, ela é, na
verdade, uma necessidade lógica derivada de um certo número de
observações simples. Se essas condições existirem, logo, a seleção
natural será, necessariamente, a consequência. Essa é a distinção entre
evolução e seleção natural: a seleção natural é o mecanismo de mudança
condicionada e a evolução é o resultado dessas condições, ou seja, a própria mudança. Dizer que a evolução não é um processo observável é
ignorância científica. A verificabilidade da evolução NÃO reside nos fósseis
catalogados. Tenhamos em mente uma distinção:
1- O processo ao longo do tempo.
2-
Mecanismo específico causador das mudanças.
ESSE mecanismo É PASSÍVEL de
verificação e, de fato, já o foi muitas vezes. Portanto, não há razão para
afirmar que a teoria não pode ser verificada. Exemplos claros de adaptações são o aumento da caixa
craniana para mais centímetros cúbicos e proporcionalmente o aumento da massa
encefálica dos nossos ancestrais mais primitivos de 350g para 1,400g. Basicamente, a evolução é uma ciência
histórica. A astronomia, por exemplo, não pode observar diretamente a formação de
estrelas, assim como as suas origens, mas é possível investigar esses
acontecimentos e testar teorias científicas (descrever processos físicos como a
termodinâmica) com grande precisão.
Ainda assim, existem evidências empíricas acerca do processo de bipedalização através da seleção natural, da mudança
gradual dos incisos e caninos e musculação pesada dos hominídeos, dos
fósseis catalogados de australopithecinos (ramidus, anamensis, afarensis, africanus, aethiopicus,
boisei, crassidens e robustus) demonstrando anatomicamente o processo
de transição para o homo (rudolfensis, habilis, ergaster, erectus,
heidelbergensis, neanderthalensis e sapiens) de forma ramificada, das
evidências físicas da construção e aprimoramento de oldovanas
paralelamente ao período geológico e por último, dos
padrões distintivos de estruturas anatômicas e comportamentos que ainda
podem ser encontrados atualmente. Todas elas são evidências empíricas.
Como surgiram as espécies de plantas e animais?
Este é basicamente um processo evolucionário. O processo de especiação (mudanças macro-evolutivas) pode ser perfeitamente evidenciado através do fenômeno da irradiação adaptativa, que se dá, em um curto ou longo período de tempo, no surgimento de várias espécies a partir de uma mesma espécie ancestral, no qual diversos grupos se separaram, ocupando simultaneamente vários nichos ecológicos livres, eventualmente dando origem a várias espécies diferentes. A irradiação adaptativa resulta sempre em homologia. São exemplos clássicos de irradiação adaptativa: os tentilhões de Darwin, nas ilhas Galápagos; os lagartos Anolis em ilhas do Caribe; ciclideos do leste africanos Grandes lagos; a diversificação dos mamíferos após a Extinção Cretáceo-Paleogeno, onde cerca de 30 gêneros de mamíferos evoluíram em 10 milhões de anos. A irradiação adaptativa, na condição de um processo de especiação (as espécies passam por processos ao longo do tempo, fazendo com que elas evoluam), origina novas adaptações vantajosas em função do meio em que vivem. Em geral, as especiações iniciam quando uma parcela de uma população de determinada espécie isola-se geograficamente do restante da população da mesma espécie, criando, desta forma, um isolamento reprodutivo, que, ao longo do tempo, não mais se reconheceram como parceiros sexuais potenciais para gerarem descendentes férteis. As especiações podem ser divididas em:
1- Especiação alopátrica: Uma nova espécie se forma ao passo que as populações são separadas por barreiras geográficas.
2- Especiação peripátrica: Uma nova espécie se forma a partir de populações provenientes de um habitat isolado.
3- Especiação parapátrica: Uma nova espécie se forma a partir de populações próximas provenientes de um habitat adjacente.
4- Especiação simpátrica: Uma nova espécie se forma em função da sobreposição de populações.
As quatro formas de especiação possuem um mecanismo básico e bastante similar de especiação. Para melhor ilustrar seu funcionamento, vamos pegar como exemplo a especiação alopátrica: Imagine uma deme de uma determinada espécie que chamaremos de A. Essa espécie vive em um ambiente específico que chamaremos de X. Em um determinado momento, uma parte da deme é isolada da outra (alopatria), de forma que parte dela passe a viver em um ambiente totalmente novo com condições totalmente diferentes. Chamaremos este ambiente de Y. Sabemos que toda adaptação se dá em função do ambiente, logo, a nova deme irá se adaptar de forma totalmente distinta da sua região original. Já completamente isoladas uma da outra, conforme o tempo for passando e as adaptações forem se acumulando, as informações vão sendo armazenadas no gene pool. Desta forma, em função da reprodução isolada da nova deme no novo ambiente, as características vantajosas que foram selecionadas pela seleção natural, vão sendo preservadas. Quando as diferenças genotípicas e fenotípicas forem tão grandes que a deme do novo ambiente Y não consiga mais se reproduzir com a deme A, que habita o ambiente X, sabemos que surgiu uma nova espécie: a deme B. Este é o processo mais comum de especiação.
Com relação ao processo de evolução das plantas, devemos ter em mente que a Terra se originou há aproximadamente 4,6 bilhões de anos. 3,5 bilhões depois, começaram a aparecer no mar as primeiras formas de vida, micro-organismos simples, unicelulares, conhecidos como Procariontes. Vale ressaltar que, nessa época, o planeta era drasticamente diferente: a atmosfera era composta, em sua maioria, por CO², CH4, NH³ e outros gases nocivos aos seres humanos. Posteriormente, entre 2,5 bilhões e 544 milhões de anos atrás, formaram-se na água micro-organismos mais complexos, os Eucariontes. Alguns destes começaram a fazer fotossíntese, originando, desta forma, as algas. No dito processo, o gás carbônico (CO²) é retirado do ar e, em seu lugar, é devolvido oxigênio (O²). Foi então, desta forma, que o ar se transformou, passando a conter uma parcela maior de oxigênio. Por volta de 470 milhões de anos atrás, surgiram, então, algas capazes de sobreviver por um determinado período de tempo em ambientes terrestres. Isso se deve ao fato de que os organismos que faziam fotossíntese viviam em mares calmos, e, por causa da mudança das marés, eles se alternavam entre submersos e emersos (sendo este fator crucial, pois os organismos passavam metade do tempo expostos ao ar livre e à luz, enquanto presos às rochas). À luz da seleção natural, acabaram, desta forma, adaptando-se ao meio terrestre. Esse tipo de alga acabou por originar os musgos, grupo de plantas que costumam ser baixinhas e recobrir pedras e solo em áreas úmidas.
Milhões de anos depois surgiu o grupo das samambaias e mais tarde o dos pinheiros, mas nenhum deles possuía flores. Sabe-se, porém, que elas apareceram há 140 milhões de anos. Curiosamente, o fóssil (resto de animais ou vegetais incrustado em pedras) mais antigo de uma planta com flor encontrado tem 125 milhões de anos. Como toda adaptação deve, necessariamente, possuir uma vantagem seletiva, com as flores não seria diferente: elas possuem a função de proteger melhor as células reprodutivas das plantas. Por fim, podemos concluir que o surgimento dos vegetais foi de uma complexidade reconhecida, mas, explicável do ponto de vista evolutivo, embora seja raro encontrar seus fósseis. Em meio a essa cadeia de eventos, porém, eis uma certeza: o surgimento e desenvolvimento desses seres influenciaram grandemente a composição da Terra e, consequentemente, a nossa origem.
A evolução é sinônimo de progresso?
Vale ressaltar que a evolução não é uma escalada (progresso), mas sim uma mudança. O progresso evolutivo (ideia essa concebida erroneamente por pessoas como Gobineou, considerado o pai das teorias racistas), quando aplicada às ciências sociais, acabou por demonstrar o lado negro da ciência. Porém, o conceito de progresso na evolução é falacioso. Desde Darwin, o modelo geral tem sido o da scala naturae, a escala da natureza. Esse modelo mostra os animais como uma série de desenvolvimentos progressivos, um substituindo o outro à medida que escalam novas alturas evolucionárias. Os organismos multicelulares representam uma progressão em relação aos unicelulares, os vertebrados são uma progressão em relação aos invertebrados, os animais de sangue quente são uma progressão com relação aos de sangue frio. Naturalmente, nessa progressão, os humanos representam o próximo ou o mais recente dos estágios da progressão evolucionária. É natural que sejamos postos no topo da escala evolucionária, dada a complexidade do mundo humano.
O problema é que, embora possa haver tendências direcionais na evolução, aos quais podemos observar contando com a vantagem da perspectiva histórica, há um erro de lógica na inferência, com base nesses fatos , de que o mecanismo de transformação também seja progressivo. As espécies surgem e então são substituídas - por exemplo, os dinossauros pelos mamíferos -, e inferimos desse fato que um é a progressão do outro. A tendência da evolução de apagar por completo a maior parte de suas criações por meio da extinção dá sustentação a essa ideia. No entanto, o verdadeiro padrão da evolução, na pequena escala, é muito diferente, e o processo é bem o oposto da ideia da escada. Essa visão fica clara ao examinarmos um outro grupo de animais. Os bovidae, ou bovídeos, são os ruminantes de dois dedos que têm chifres. Eles incluem o antílope, o waterbuck e o reedbuck, o elã, o búfalo e até mesmo a vaca doméstica. Embora sua distribuição seja predominantemente africana, eles podem ser encontrados espalhados por todos os continentes, exceto a Austrália. A primeira observação a ser feita é que eles apresentam grande diversidade. Eles se vinculam entre si, em termos evolucionários, por certo número de características (como os chifres, diferentes das armações da família dos veados, os cervidae).
Como surgiram as espécies de plantas e animais?
Este é basicamente um processo evolucionário. O processo de especiação (mudanças macro-evolutivas) pode ser perfeitamente evidenciado através do fenômeno da irradiação adaptativa, que se dá, em um curto ou longo período de tempo, no surgimento de várias espécies a partir de uma mesma espécie ancestral, no qual diversos grupos se separaram, ocupando simultaneamente vários nichos ecológicos livres, eventualmente dando origem a várias espécies diferentes. A irradiação adaptativa resulta sempre em homologia. São exemplos clássicos de irradiação adaptativa: os tentilhões de Darwin, nas ilhas Galápagos; os lagartos Anolis em ilhas do Caribe; ciclideos do leste africanos Grandes lagos; a diversificação dos mamíferos após a Extinção Cretáceo-Paleogeno, onde cerca de 30 gêneros de mamíferos evoluíram em 10 milhões de anos. A irradiação adaptativa, na condição de um processo de especiação (as espécies passam por processos ao longo do tempo, fazendo com que elas evoluam), origina novas adaptações vantajosas em função do meio em que vivem. Em geral, as especiações iniciam quando uma parcela de uma população de determinada espécie isola-se geograficamente do restante da população da mesma espécie, criando, desta forma, um isolamento reprodutivo, que, ao longo do tempo, não mais se reconheceram como parceiros sexuais potenciais para gerarem descendentes férteis. As especiações podem ser divididas em:
1- Especiação alopátrica: Uma nova espécie se forma ao passo que as populações são separadas por barreiras geográficas.
2- Especiação peripátrica: Uma nova espécie se forma a partir de populações provenientes de um habitat isolado.
3- Especiação parapátrica: Uma nova espécie se forma a partir de populações próximas provenientes de um habitat adjacente.
4- Especiação simpátrica: Uma nova espécie se forma em função da sobreposição de populações.
As quatro formas de especiação possuem um mecanismo básico e bastante similar de especiação. Para melhor ilustrar seu funcionamento, vamos pegar como exemplo a especiação alopátrica: Imagine uma deme de uma determinada espécie que chamaremos de A. Essa espécie vive em um ambiente específico que chamaremos de X. Em um determinado momento, uma parte da deme é isolada da outra (alopatria), de forma que parte dela passe a viver em um ambiente totalmente novo com condições totalmente diferentes. Chamaremos este ambiente de Y. Sabemos que toda adaptação se dá em função do ambiente, logo, a nova deme irá se adaptar de forma totalmente distinta da sua região original. Já completamente isoladas uma da outra, conforme o tempo for passando e as adaptações forem se acumulando, as informações vão sendo armazenadas no gene pool. Desta forma, em função da reprodução isolada da nova deme no novo ambiente, as características vantajosas que foram selecionadas pela seleção natural, vão sendo preservadas. Quando as diferenças genotípicas e fenotípicas forem tão grandes que a deme do novo ambiente Y não consiga mais se reproduzir com a deme A, que habita o ambiente X, sabemos que surgiu uma nova espécie: a deme B. Este é o processo mais comum de especiação.
Com relação ao processo de evolução das plantas, devemos ter em mente que a Terra se originou há aproximadamente 4,6 bilhões de anos. 3,5 bilhões depois, começaram a aparecer no mar as primeiras formas de vida, micro-organismos simples, unicelulares, conhecidos como Procariontes. Vale ressaltar que, nessa época, o planeta era drasticamente diferente: a atmosfera era composta, em sua maioria, por CO², CH4, NH³ e outros gases nocivos aos seres humanos. Posteriormente, entre 2,5 bilhões e 544 milhões de anos atrás, formaram-se na água micro-organismos mais complexos, os Eucariontes. Alguns destes começaram a fazer fotossíntese, originando, desta forma, as algas. No dito processo, o gás carbônico (CO²) é retirado do ar e, em seu lugar, é devolvido oxigênio (O²). Foi então, desta forma, que o ar se transformou, passando a conter uma parcela maior de oxigênio. Por volta de 470 milhões de anos atrás, surgiram, então, algas capazes de sobreviver por um determinado período de tempo em ambientes terrestres. Isso se deve ao fato de que os organismos que faziam fotossíntese viviam em mares calmos, e, por causa da mudança das marés, eles se alternavam entre submersos e emersos (sendo este fator crucial, pois os organismos passavam metade do tempo expostos ao ar livre e à luz, enquanto presos às rochas). À luz da seleção natural, acabaram, desta forma, adaptando-se ao meio terrestre. Esse tipo de alga acabou por originar os musgos, grupo de plantas que costumam ser baixinhas e recobrir pedras e solo em áreas úmidas.
Milhões de anos depois surgiu o grupo das samambaias e mais tarde o dos pinheiros, mas nenhum deles possuía flores. Sabe-se, porém, que elas apareceram há 140 milhões de anos. Curiosamente, o fóssil (resto de animais ou vegetais incrustado em pedras) mais antigo de uma planta com flor encontrado tem 125 milhões de anos. Como toda adaptação deve, necessariamente, possuir uma vantagem seletiva, com as flores não seria diferente: elas possuem a função de proteger melhor as células reprodutivas das plantas. Por fim, podemos concluir que o surgimento dos vegetais foi de uma complexidade reconhecida, mas, explicável do ponto de vista evolutivo, embora seja raro encontrar seus fósseis. Em meio a essa cadeia de eventos, porém, eis uma certeza: o surgimento e desenvolvimento desses seres influenciaram grandemente a composição da Terra e, consequentemente, a nossa origem.
A evolução é sinônimo de progresso?
Vale ressaltar que a evolução não é uma escalada (progresso), mas sim uma mudança. O progresso evolutivo (ideia essa concebida erroneamente por pessoas como Gobineou, considerado o pai das teorias racistas), quando aplicada às ciências sociais, acabou por demonstrar o lado negro da ciência. Porém, o conceito de progresso na evolução é falacioso. Desde Darwin, o modelo geral tem sido o da scala naturae, a escala da natureza. Esse modelo mostra os animais como uma série de desenvolvimentos progressivos, um substituindo o outro à medida que escalam novas alturas evolucionárias. Os organismos multicelulares representam uma progressão em relação aos unicelulares, os vertebrados são uma progressão em relação aos invertebrados, os animais de sangue quente são uma progressão com relação aos de sangue frio. Naturalmente, nessa progressão, os humanos representam o próximo ou o mais recente dos estágios da progressão evolucionária. É natural que sejamos postos no topo da escala evolucionária, dada a complexidade do mundo humano.
O problema é que, embora possa haver tendências direcionais na evolução, aos quais podemos observar contando com a vantagem da perspectiva histórica, há um erro de lógica na inferência, com base nesses fatos , de que o mecanismo de transformação também seja progressivo. As espécies surgem e então são substituídas - por exemplo, os dinossauros pelos mamíferos -, e inferimos desse fato que um é a progressão do outro. A tendência da evolução de apagar por completo a maior parte de suas criações por meio da extinção dá sustentação a essa ideia. No entanto, o verdadeiro padrão da evolução, na pequena escala, é muito diferente, e o processo é bem o oposto da ideia da escada. Essa visão fica clara ao examinarmos um outro grupo de animais. Os bovidae, ou bovídeos, são os ruminantes de dois dedos que têm chifres. Eles incluem o antílope, o waterbuck e o reedbuck, o elã, o búfalo e até mesmo a vaca doméstica. Embora sua distribuição seja predominantemente africana, eles podem ser encontrados espalhados por todos os continentes, exceto a Austrália. A primeira observação a ser feita é que eles apresentam grande diversidade. Eles se vinculam entre si, em termos evolucionários, por certo número de características (como os chifres, diferentes das armações da família dos veados, os cervidae).
No entanto, se tivéssemos que olhar para eles e ver sua evolução como uma escada progressiva levando de um grupo a outro, nos veríamos em apuros. Estariam os waterbucks na parte mais inferior e os elãs no topo? Ou talvez fosse preferível dizer que o búfalo, corpulento e pesadão, é o mais primitivo e as graciosas gazelas são as mais avançadas? É claro que não há nenhum fundamento para uma decisão como essa, e precisamos apenas olhar para suas características para nos darmos conta de o quão inadequado é abordar a evolução dessa maneira. O elã e o búfalo são diferentes porque eles fazem coisas diferentes e vivem em ambientes diferentes. Não há nada de surpreendente nisso tudo e essa diversificação está presente nos fósseis. Em vez de ver o bipedalismo com uma alternativa ao quadrupedalismo, as pessoas preferem vê-lo como um avanço. Em vez de perguntar por que o tamanho do cérebro seria uma maneira de se adaptar a habitats diferentes, é mais fácil construir um sistema hierárquico, indo do menor e mais primitivo ao maior e mais avançado.
Da mesma forma, os fósseis da família hominidae, são vistos como marcos dessa progressão. O que surpreende, no registro de fósseis, é que não é isso que acontece. O Australopithecus robustus, com seu cérebro relativamente pequeno, foi contemporâneo, se é que não um pouco posterior ao Homo, com seu cérebro maior. Os neanderthalenses, que são no mínimo contemporâneos dos humanos modernos, têm cérebros igualmente grandes. Os registros fósseis provam, de forma direta, que a ideia de progressão é imposta por nós, em retrospectiva. No entanto, não foi assim que a evolução funcionou. A surpresa então reflete o preconceito ou talvez a ignorância em relação à evolução. A maioria dos grupos mostra um padrão de diversificação, particularmente nos primórdios de sua história evolucionária, e não há qualquer razão para que, no caso da evolução humana, as coisas tenham se dado de forma diferente do que acontece com a maior parte das outras espécies. As diferentes espécies são respostas alternativas às múltiplas condições ambientais.
Referências:
[1] STRAUSS, Lévi : Raça e História;
[2] FOLEY, Robert: Os humanos antes da humanidade;
[3] DARWIN, Charles: A origem das espécies;
[4] DARWIN, Charles: A linhagem do homem;
Referências:
[1] STRAUSS, Lévi : Raça e História;
[2] FOLEY, Robert: Os humanos antes da humanidade;
[3] DARWIN, Charles: A origem das espécies;
[4] DARWIN, Charles: A linhagem do homem;