Atentados em Paris: a ameaça terrorista do politicamente correto

by - novembro 15, 2015


A ameaça terrorista do politicamente correto

Alguns dizem que a culpa dos atentados em Paris, na noite de ontem (14/11/2015), é dos terroristas, outros dizem que a culpa é do islamismo em si e ainda há quem diga que a culpa é da extrema-direita fundamentalista e islamofóbica (alô, Jean Wyllys). Pois bem, em uma análise puramente subjetiva e crítica, eu declaro culpado o politicamente correto. Até quando vamos continuar a repetir o mantra da minoria radical? Aos "mestres" da interpretação textual, vale a ressalva: com isso, eu não quero dizer que todos os muçulmanos são radicais, tampouco que são maioria (embora eu discorde, mas não irei entrar nesse mérito agora). No entanto, a fins meramente argumentativos, vamos considerar que há, de fato, uma minoria extremista.

Existem, aproximadamente, 1,2 bilhão de muçulmanos no mundo hoje. A grande maioria deles é de pessoas pacíficas. Os radicais são estimados, de acordo com setores de inteligência de vários países, entre 15% e 25%. No entanto, quando você observa essa minoria, você está olhando diretamente para 180 a 300 milhões de pessoas que dedicam suas vidas à destruição da Civilização Ocidental, o que, em termos populacionais, faz-se maior que muitas nações. Mas, afinal, por que deveríamos nos preocupar com a minoria radical? Bem, porque são justamente os radicais que se dispõem a matar. Consideremos a história mundial como exemplo: a maioria do povo alemão era pacífica, mas, mesmo assim, os nazistas conduziram a agenda. Resultado: milhões de mortes. A maioria foi, portanto, irrelevante.

Quando você olha para a Rússia, a maioria do povo era pacífica, mas, mesmo assim, os russos foram capazes de matar aproximadamente 20 milhões de pessoas. Olhemos para a China agora. Sua grande maioria também era pacífica, mas os chineses foram capazes de matar algo em torno de 70 milhões de pessoas. Novamente, a maioria foi irrelevante. No 11 de setembro, bastaram 19 radicais para colocar toda uma nação de joelhos, matando cerca de 3 mil pessoas. Portanto, entre radicais e não radicais, o impacto é o que vitima. Em respeito e memória de todos aqueles que perderam suas vidas em atentados, sugiro que paremos de defender essa ideia de minoria radical e passemos a não mais subestimar os impactos que uma minoria radical pode causar. Desta forma, talvez possamos conseguir neutralizar o verdadeiro responsável pelos maiores banhos de sangue do século XXI: o politicamente correto.

No que concerne aos radicais, o assunto torna-se um pouco mais complexo: à priori, o que definimos como radical? Bem, o radicalismo pode ser definido como uma visão que prega o uso de ações extremas para gerar a transformação completa e imediata das organizações sociais. O problema, no entanto, se dá em definir o que é uma ação extrema. Para muitos de nós, o ato de castigar fisicamente sua esposa seria algo inaceitável, assim como pregar abertamente a prisão ou morte de cristãos e outras minorias no Oriente Médio. Estes seriam, portanto, atos que caracterizariam um indivíduo radical. Considerando-se que essa prática é comum em alguns países médio-orientais, por questões estritamente culturais, diga-se de passagem, podemos inferir que os ditos "radicais", aos olhos da Cultura Ocidental, se mostram muito mais presentes do que pensávamos.

O melhor exemplo a ser dado, de modo que elucide perfeitamente a questão, seria o Hamas. Quantos muçulmanos no mundo condenam um grupo que é tido como uma organização terrorista pelos Estados Unidos, por toda a União Europeia e por países como Japão, Canadá e Austrália? Quantos muçulmanos no mundo rechaçariam a opinião do Hamas de que Osama Bin Laden é um "guerreiro sagrado"? Quantos muçulmanos no mundo iriam aderir à prática suicida muito difundida por grupos como Hamas, Hezbollah e o próprio Estado Islâmico a fim de morrer pela fé? Quantos muçulmanos no mundo apoiam a Irmandade Muçulmana e sua missão de resgatar, através da Jihad (Sunan Ibn Majah 2794), os verdadeiros ensinamentos do Corão, ao passo que se rejeita qualquer tipo de influência ocidental? Penso que uma boa quantidade de muçulmanos não iria se opor abertamente a essas ideias. A partir destes questionamentos, novamente, é possível inferir que, para um indivíduo ser considerado radical, não é necessário matar, mas apenas se identificar ou não se opor.

Recentemente, na UCSD (Universidade da Califórnia, San Diego), durante uma palestra de David Horowitz (escritor e conferencista estadunidense), ocorreu um breve diálogo entre ele e uma estudante muçulmana que lhe havia feito uma pergunta. Abaixo, segue um trecho do debate:

David Horowitz - [...] Eu já tive essa experiência em UC, Santa Bárbara, onde havia 50 membros da MSA (Muslim Students Association) sentados nas cadeiras do auditório. Ao longo de toda a minha palestra de uma hora, eu perguntei várias vezes: vocês condenam o Hamas e o Hezbollah? Nenhum deles condenou. Quando chegou a hora das perguntas, o presidente da MSA foi a primeira pessoa a perguntar. Então, eu disse: "antes de você começar, você condena o Hezbollah?" E ele disse: "bem, essa questão é complicada demais para uma resposta 'sim' ou 'não' ". Então, eu disse: "ok, deixe-me colocar a questão assim: eu sou judeu. O líder do Hezbollah disse que ele torce para que todos nós nos reunamos em Israel para que eles não tenham que nos caçar mundo afora."

David Horowitz - Contra ou a favor disso?

Muçulmana Ouvinte - A favor.

David Horowitz - Obrigado. Obrigado por vir e mostrar o que existe aqui.


Por fim, o exemplo citado acima nos mostra, mais uma vez, que até mesmo ideias e identificações podem fazer de nós extremistas. O politicamente correto, por sua vez, é o motor que permite que noções como essas sejam concebidas, amplamente difundidas e até mesmo postas em prática sem qualquer observação, tal como ocorreu no massacre parisiense. Em tempo: o inimigo não é o Islamismo, e tampouco os muçulmanos, mas sim o politicamente correto. Este sim é o verdadeiro mal a ser combatido.

Em memória das vítimas do massacre parisiense.

A. Santos

Graduando em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense

Imagem: Mohammed Emwazi, também conhecido como Jihadi John. Cidadão britânico e carrasco do Estado Islâmico, foi morto por um drone norte-americano em um ataque na cidade Al-Raqqah, na Síria.

You May Also Like

13 comentários

  1. De fato, não importa a quantidade de vítimas, em nada aumenta ou diminui o erro que é deliberadamente cessar a vida de gente inocente.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Andrei, pelo jeito andas lendo muito Pondé kkk.

      Excluir
    2. Exatamente. E eu admiro Pondé. Hahahaha

      Excluir
    3. Pondé já foi ateu mas ele também é um realista moral (afinal tem de ser para criticar as ações dos demais).

      Excluir
    4. Pelo que conheço o Ateísmo é uma crença infundada haja vista não poder explicar a existência objetiva da própria lógica

      Excluir
    5. Um ateu me indagou que moralidade está correlacionada a ordem enquanto nossa opinião moral em desordem. Como proceder? Não pude responder a ele.

      Excluir
    6. de que forma essa questão é uma indagação? Não compreendo.

      Excluir
    7. Se você não entendeu, muito menos eu!

      Excluir
    8. Mas fora isso não concorda com minhas objeções ao Ateísmo?

      Excluir
    9. Para ser um realista moral, deve haver uma base superior a nossa opinião para poder desaprovar as ações dos demais como más

      Excluir
    10. Concordo com suas objeções sim.

      Excluir
  2. Andrei oq vc acha do filosofo Kant?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Um filósofo brilhante e muito perspicaz que foi capaz de unir o racionalismo francês com o empirismo britânico. Dessa forma, ele conseguiu marcar a filosofia.

      Excluir