O Progresso dos Regressados: a "Idade das Trevas" ofuscada pelha brilhantez de seu tempo
O Progresso dos Regressados
Àqueles que constantemente utilizam o argumento da "regressão à Idade Média", vos falo: foi na dita "idade das trevas" que surgiram as universidades, hospitais e escolas, tais como os conhecemos hoje. Foi na dita "era da ignorância" que a ciência moderna se mostrou ao mundo: o professor de Tomás de Aquino era, veja só, um biólogo! A ciência não começou com Galileu. Copérnico morreu no século XVI, mas ele era um padre astrônomo em uma universidade polonesa fundada na Idade Média. Ele nem sequer foi o primeiro a sugerir, a título de exemplo, que a Terra orbita o Sol! Outros tiveram essa sugestão: o mais proeminente deles foi Nicholas de Cusa, um filósofo e cardinal da Igreja Católica.
E sobre a arquitetura? Foi na dita "era escura" que pessoas comuns (pedreiros, carpinteiros, pintores, escultores e vidraceiros) ergueram as maiores e mais belas construções que já enfeitaram a Terra, vide os castelos medievais e as catedrais góticas. Sem o auxílio de ferramentas modernas, utilizando apenas roldanas, guindastes, andaimes, suas mãos e suas mentes, eles foram capazes de criar estonteantes esculturas, rendilhados em pedra e vitrais hipnotizantes que inundavam com cores e luzes o interior das majestosas catedrais. Foi na dita "época da barbárie" que o homem introduziu ao mundo gêneros artísticos inteiros, os quais ninguém jamais havia visto: A Divina Comédia de Dante; Os Contos da Cantuária; As Lendas do Rei Arthur, as pinturas de Giotto; entre outras inúmeras maravilhas da antiguidade.
Foi na dita "era do sangue" que se fincaram as raízes dos ouvidos musicais do Ocidente. Eles inventaram a nossa notação musical e harmonia, sem contar os cânticos natalinos. Longe de ser a "Idade das Trevas", a Idade Média pode ser melhor descrita como a Idade Brilhante: uma época do progresso surpreendente da ciência à arte, da filosofia à medicina. Na verdade, se olharmos mais atentamente, veremos que somos menos civilizados que nossos antepassados, ao passo que desvalorizamos indiscriminadamente suas conquistas. Não obstante, nós acumulamos as duas maiores guerras que a humanidade já viu e continuamos a superar os limites da bestialidade humana. Dito isso, eu vos pergunto: o que é o progresso?
A. Santos
Graduando em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense
Imagem: Milan Cathedral, Italy.
22 comentários
Além de antropólogo, gostas de ser irônico, não, Andrei Santos?
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
A era das trevas não passa de uma caricatura ensino médio brasileiro iluminista e marxista
ExcluirGostaria que você, quando puder, fizesse uma crítica com suas próprias palavras a respeito do argumento principal do ateísmo (problema do mal).
ExcluirHahahaha! Obrigado pelos comentários! Sim, de fato, a era das trevas é uma caricatura risível propagada no iluminismo e que persiste até hoje. Muitos se aproveitam da ingenuidade para propagar tais besteiras na condição de verdade.
ExcluirCom relação ao texto sobre o problema do mal, eu irei sim abordá-lo mais a frente. Pretendo, inclusive, incluí-lo em meu futuro livro. Obrigado pela dica.
Não há de quê. Abraços.
ExcluirVejo que seu blog é interdisciplinar, pois bem, por favor, poderia escrever um post a respeito das objeções sobre a hipótese da homossexualidade genética?
ExcluirCertamente! No entanto, estou com um projeto no momento de escrever acerca da santa inquisição. É algo que julgo ser necessário em tempos onde muitos ainda acreditam nos mitos do iluminismo francês.
ExcluirBoa sorte para com o projeto, após tudo isto, irás escrever a respeito da fragilidade da homossexualidade genética, tal como fez com a moral ilusória ateísta?
ExcluirSim, com certeza está entre as minhas aspirações.
ExcluirVou lhe dar uma dica para o título da sua futura obra:
ExcluirHá bons fundamentos para a hipótese da homossexualidade genética? (Análise cética)
Está aí, abraços e boa sorte para com sua graduação.
Bem legal o título! Obrigado pelos votos de sucesso e pela dica. Abraços!
ExcluirComo o objetivo do blog é aprofundar o conhecimento de ambos (autor e leitor) por meio de diálogos e debates creio que a definição de conhecimento aqui é treinar o cérebro continuamente
ExcluirCom certeza.
ExcluirTenho como propósito contribuir o máximo possível para com nossas visões de mundo.
ExcluirAgradeço por isso.
ResponderExcluirEu é que agradeço pela participação e por cada contribuição de meus leitores.
ExcluirQual a razão suficiente ou explicação para a existência das coisas?
ExcluirResposta típica de um ateu:
As coisas simplesmente existem.
Será?
Onde está o argumento da contingência, Andrei Santos? Quando irás publicar a respeito?
Se somos o efeito, logicamente há uma causa antecedente ao universo
ExcluirA explicação mais coerente para haver coisas imutáveis seria existir um padrão imutável?
ExcluirPretendo postar em breve. E sim, há uma causa imutável para um padrão imutável.
ExcluirSinceramente, usando o bom senso, dificilmente dá pra negar a objetividade dos valores morais, afinal, acreditamos que nossas palavras possuem valor. Prova? Experimente ser ignorado por alguém, surge em nós uma repulsa ao ato deste por desprezar nossa integridade
ExcluirEssa é uma entre diversas maneiras que podemos utilizar para provar a objetividade dos valores morais.
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